domingo, 8 de julho de 2007

Falta


Fazes-me falta…
Tenho um buraco na alma que não se quer fechar. Ando sem rumo à procura de um lugar onde possa ficar. Estás em todo o lado. Vejo a tua face nas caras que me rodeiam e passam por mim indiferentes, nos olhos de quem fala comigo, nas paredes, no ar. Vejo-te em todo o lado. Estás em todo o lado. Ouço a tua voz nos meus sonhos, nos murmúrios na rua, nas conversas dos outros, nas músicas que parecem ter sido feitas para nós. Ouço-te em todo o lado. Estás em todo o lado. Sinto o teu cheiro no meu corpo, na brisa, na terra molhada, nos espaços. Cheiro-te em todo o lado. Estás em todo o lado. Sinto o teu toque nas mãos, como se as nossas mãos ainda se tocassem e apertassem, se friccionassem, dançassem. Sinto os teus lábios nos meus como se nunca se tivessem descolado, encaixando suavemente como peças de um puzzle. Sinto o teu corpo no meu, sôfrego, ardendo em desejo. Estás em todo o lado. Como posso esquecer-te?

Fazes-me falta…
Tenho dificuldade em pensar, raciocinar. O meu cérebro insiste em recordar, num constante reviver masoquista de momentos que roçaram a perfeição. Sorrisos, conversas, lugares, abraços, beijos, cumplicidades, partilha... Não me sais da cabeça, estás sempre aqui a assombrar-me os dias. Presente como sempre. Sempre aqui… Como se fosses a minha nova sombra. Como se a minha alma se tivesse colado à tua e não se conseguisse separar. Como se nos meus olhos eu só visse a tua imagem, nos meus ouvidos a tua voz, no nariz o teu cheiro e nas mãos a tua pele...

Fazes-me tanta falta…
Sinto que um dia perceberás tudo isto. Sinto que um dia verás que éramos perfeitos. Sinto que um dia sentirás esta falta que me assola. Sinto que um dia saberás tudo o que perdemos.

Fazes-me uma falta insuportável…
Em “nós” havia tanto por contar, tanto por tentar, tanto por viver. Conheceste uma pequena parte de mim, infelizmente praticamente só viste o meu lado triste, lado esse tão mais pequeno que o outro. Havia tanto mas tanto em mim para revelar, para te dar. E havia tanto em ti que eu queria descobrir, com a mesma sede de te conhecer que sempre existiu.
Fazes-me falta… Tudo em ti me faz falta.

ECB - 2005

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